sexta-feira, 2 de maio de 2008

DE ONDE VEM TANTO PRECONCEITO?

Saúdo a todos que fazem parte deste blog (colaboradores e leitores) e a iniciativa de ceder um espaço para mostrar ao Brasil um pouco dessa região tão esquecida pelo resto do país.

O preconceito com a região Nordeste é conseqüência de sucessivos erros. Muitas pessoas nem percebem que são preconceituosas e até alguns nordestinos são preconceituosos com a própria região onde moram. Mas de onde vem tanto preconceito?
Comumente as pessoas falam do Nordeste e lembram de pobreza, falam da Caatinga e lembram de seca. Alguns até tratam da região Nordeste apenas como o “Sertão Nordestino” esquecendo que essa região é dividido em 4 sub-regiões: Meio-norte, Sertão, Agreste e Zona da Mata; cada uma com características próprias que você encontrará em qualquer livro didático.
O Nordeste foi muito explorado na época colonial desde a retirada do pau-brasil no Pernambuco até a derrubada indiscriminada da vegetação nativa para o cultivo da cana-de-açúcar na Zona da Mata. Depois veio o governo de Juscelino Kubitschek, que promulgou a famosa frase “50 anos em 5”, intensificando a industrialização na região Sudeste do Brasil fazendo com que a economia nordestina entrasse em decadência ocasionando boa parte da migração dos nordestinos para outras regiões do Brasil. E no próprio governo de JK criou-se a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) justamente para aumentar a economia nordestina.
Vale ressaltar que com a criação da SUDENE aumentou a atividade agrícola na região, sendo que o Nordeste possui o menor índice de água doce no Brasil (apenas 3%) e a segunda região mais populosa do país. A SUDENE que possuía ótimos projetos foi rapidamente extinta após denuncias de fraudes.
No Nordeste sempre ocorreram inúmeros desgastes ambientais, econômicos e sociais, até mesmo diversos tipos de falcatruas dos governantes que aliam-se a fazendeiros e latifundiários e juntos fazem jus ao termo “indústria da seca” se beneficiando e fazendo a população acreditar que a seca não é um fenômeno natural.
O resultado disso é o preconceito e referência a tudo relacionado à região Nordeste como algo ruim, sendo que os próprios nordestinos usam a expressão “caatinga” se referindo a mal cheiro.
Eles mesmos já não conseguem enxergar a riqueza desta vegetação, fonte de vários estudos científicos.
O que o Nordeste realmente precisa é de pequenos incentivos, como este aqui no blog (espaço para novas idéias e práticas), que fazem a grande diferença. Mudar também a forma que os livros didáticos tratam da região Nordeste e a população ter cuidado ao votar escolhendo políticos comprometidos e que façam projetos nos quais beneficiem todas as gerações (atuais e futuras).

E se o leitor não quiser esperar por práticas vindas de Brasília, pode começar daí mesmo, de onde ele está, é só procurar ler mais sobre o Nordeste e se possível conhecê-lo de perto e constatar que a maioria dos nordestinos não passam sede e fome, mas compartilham um sorriso estampado nos rostos e passam momentos agradáveis rodeados de belezas naturais indescritíveis.
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* professora de geografia e colaboradora do Jornal da Pompéia

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns cara Auriane, por retratar no seu texto um problema que deveria ser ultrapassado, mas, ainda persisti em existir, é ridículo atitudes mesquinhas de preconceito, seja ele qual for, ainda mais preconceito de uma região tão rica de talentos e pessoas carismáticas, vale ressaltar as belas praias, a caatinga e mostrar ao mundo que o nordeste não tem apenas essa "imagem" errada de pobreza, seca e fome que a mídia insisti em transmitir.

Florência Rezende
Administradora

Maria Jesus disse...

Na realidade um dos maiores fatores que contribuiram para essa visão destorcida sobre o Nordeste, foram as leituras eurocentricas feitas acerca da região e demais que fundamentaram as suas, nas anteriores, com uma grande carga de preconceitos que ofuscaram suas visões e não conseguiram enxergam o belo que está presente e sempre esteve na biodiversidade desta região que lhe é predominante e exclusiva.

Em relação ao termo caatinga(caa=mata/floresta ; tinga= branca), o mesmo tem origem Tupi, como concordam alguns pesquisadores, o que por algumas pessoas que desconhecem seu significado, confundem com o termo catinga=mau cheiro. O maior problema do pré-conceito, é a falta de informação e conhecimento, porque até mesmo algumas leituras que fazem sobre o Semiárido e que circulam na midia vem repletas de termos pejorativos e discriminatorios, em alguns livros didáticos que poderiam e deveriam estar contribuindo para uma desconstrução dessa imagem negativa e errada sobre o semiárido ainda persistem , contribuindo para o fomento desse mito de pobreza, miseria, fome e analfabetismo.